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32) Perdendo o controle

Maise, que estava lendo sentada na cadeira, levantou-se quando entrei. Fiquei olhando, meio abestalhado e com dificuldades para respirar. Ela usava uma camisola indecente, não por ser transparente ou muito pequena, o que não era, mas por deixá-la sensual e provocante de uma forma que não deveria ser permitido. Estava calculando que levaria apenas cinco passos e um gesto da mão para arrancar aquele paninho de seu corpo, quando ela deu um passo em minha direção e agora eram apenas quatro passos e mais um até a cama, mas este não contava porque não creio que conseguiria dar esse passo adicional e a devoraria inteira ali mesmo, no chão ou na cadeira. Devia estar em meu rosto esta fome de lobo porque ela parou naquele passo e ficou olhando-me insegura. - “Você não é um animal, Adriel. Controle-se!” – O pensamento inseriu-se em minha mente por entre os pensamentos selvagens e conseguiu sobressair o suficiente para que ouvisse. Fechei os olhos e respirei pausadamente por alguns segundos antes

31) Sedução

- Querida, acorde. – Ele estava tentando acordar-me com beijinhos no rosto. - Quero dormir, Anjo. - Estava escuro ainda. - O sol já vai nascer. Venha comigo à praia. – E continuava com os beijos, apertando-me a seu corpo. Ainda meio sonolenta, agarrei-me a ele buscando um beijo. - Vamos dorminhoca. – Ele desviou do beijo e deu-me um tapinha nos ombros. Levantei mal humorada. Não levei o material de pintura. Estava com muito sono para pintar. Sentei ao lado de Adriel e ficamos vendo o dia clarear. O sol nasceu esplendoroso e logo estava inteiro no horizonte completamente azul e sem nuvens. Hoje seria um dia bonito e quente. Voltamos para a cabana e Tana já estava lá, preparando nosso café da manhã. - Tana! – Exclamei abraçando-a. Estava com saudades dela. - Oi, minha menina. Se não parar de me agarrar, o leite vai transbordar. – Era a mesma, ralhando como sempre. Sorri, largando-a e indo sentar com Adriel na mesa. – Quero saber se o menino cuidou bem de você. - Cuidou sim, Tana. Muito

30) Retorno a Portal do Sol

Ela trancou a casa e saímos devagar, despedindo-nos destes dias em que permitimo-nos esquecer um pouco as preocupações. Antes do anoitecer estaríamos em Portal, na segunda-feira ajudaria Maise na arrumação dos novos móveis e à noite ou mais tardar no amanhecer de terça, voaria para Celes. Seguimos uma parte do caminho em silêncio, apenas ouvindo os novos cds que comprei com as dicas dela. - Anjo. – Adorava quando me chamava assim. - Sim. - Explique agora aquilo que disse sobre François. Sobre saber que ele adora-me. - Lembra-se da luz que vê em mim? - Sim. É branca com reflexos prateados. - Chama-se Aura. Todos os seres vivos a possuem. São cores emanadas de nossos corpos e refletem os sentimentos e até mesmo a essência de cada um. A maioria dos humanos não consegue ver a aura dos outros. Não sei como você consegue ver a minha. Eu posso ver a aura de qualquer um. - Até a minha? Como é? - A sua é feita de cores vívidas e alegres. Não seria possível ter esta aura se tivesse qualquer mal

29) Dias perfeitos

Ficamos mais dois dias em São Pedro e foram poucos para o tanto a fazer, mas queríamos voltar logo para Portal do Sol. Sentíamos falta de nossas casas, do ar puro, do mar, do silêncio e, sobretudo da paz que tínhamos lá. Além disto, eu tinha esquecido os diários de papai. Estava ansiosa para saber o final da estória deles, desvendar o mistério de mamãe e quem sabe, o meu também. Adriel queria ir a Celes, motivado pela esperança de encontrar alguma saída para nós. Eu não estava com tanta pressa disto, porque iríamos nos separar e mesmo que fosse por poucos dias, não conseguia livrar-me da sensação incômoda de que aquela viagem nos reservava algo ruim e não bom como ele esperava. Não fossem estes motivos e gostaria de ter parado o tempo e fixado-o naqueles dias perfeitos. Embora não houvessemos mais nos beijado, sentíamo-nos muito próximos, saboreando o prazer de apenas estarmos um com o outro. Na sexta-feira fomos a uma reunião com meu advogado. Além de seus encargos de sempre, ele acei

28) Eu te amo para sempre

- Ei pequena. O que houve? – Sentindo-me apertada a seu peito o alivio foi tão grande que ao invés de parar de chorar, chorei mais ainda. Ele pegou-me nos braços e levou-me no colo para dentro de casa. Colocou-me sentada na mesa da cozinha enquanto fazia uma água com açúcar, esperou que bebesse e depois levou-me ao sofá da sala onde deitei apoiada ao seu peito. - Está melhor? - Hum hum. – Respondi lutando com as lágrimas e o bolo na garganta. Ele estava fazendo carinho em meus cabelos e fui acalmando aos poucos, até conseguir falar algo inteligível. - Foi horrível, Anjo. Lá, na casa deles. Quando viram que tinha ido sem você, começaram um interrogatório sem fim a seu respeito e falaram um monte de coisas. Só porque estava usando sandálias e não sapatos, disseram que não podia ser sério, que só queria meu dinheiro, que estava abusando de minha ingenuidade e mais um monte de coisas deste tipo. Que deveria ser um aproveitador, um gigolô de praia. Insinuaram até que estava fazendo algum

27) Cratera

Não fui ao jantar na casa de François. Disse a Maise que aproveitaria enquanto ela estava com seus amigos para voar em busca de um lugar onde me energizar. Ela ameaçou não ir também e tive que usar toda minha persuasão para convencê-la de que não estava com ciúmes, que tudo bem ela ir sozinha, que não iria embora e, finalmente, que estaria em casa quando voltasse. Ela não pareceu totalmente convencida, mas acabou aceitando. Levei-a até a casa deles e depois dirigi para os limites da cidade até encontrar um lugar sossegado onde deixei o carro e voei o mais rápido que consegui. Não mentira para Maise. Estava mesmo precisando energizar-me urgente e mais do que isto, necessitava respirar ar de verdade. – “Como os seres humanos conseguem viver respirando este ar grosso de sujeira?” – Pensei enquanto subia. Pairei acima da camada cinzenta de poluição que cobria a cidade e respirei com vontade. Após alguns minutos disto e comecei a sentir-me algo melhor. Ainda precisava absorver energias. Pen

26) São Pedro

Chegamos a São Pedro no início da noite. Minha casa ficava em um bairro residencial e fiquei contente ao entrar nela novamente. É lógico que a geladeira estava vazia forçando-nos a sair para comer algo. Estávamos cansados demais para um jantar demorado e fomos a uma lanchonete. Adorei comer sanduíches com coca-cola ao seu lado. Na volta tomamos um banho rápido e preparamo-nos para dormir. Usar o quarto de meus pais parecia errado e embora minha cama de solteiro fosse grande, era pequena para nós dois. Adriel quis dormir no sofá, mas é lógico que não deixei. Ficamos em um impasse e acabei concordando em usar a cama grande. Cansada como estava adormeci em poucos minutos. Logo cedo no outro dia fomos à faculdade. Como estávamos em férias poucos alunos estavam na secretaria e foi rápido. Tive apenas que preencher alguns documentos para transferir meu curso normal para o à distância. Peguei a senha para acessar o curso pela internet, algumas apostilas e a agenda com os poucos comparecimento

25) Viagem

Acordei com as vozes de Adriel e Tana discutindo lá fora. Ela viu-nos dormindo juntos e tirou conclusões erradas. Adriel explicou, mas Tana não o deixou escapar sem um sermão e ameaças sobre o que lhe aconteceria caso me “desrespeitasse”. Ri escondida ao ver aquele homão ouvindo quieto enquanto Tana vociferava com o dedo em riste apontado para seu rosto. Fingi estar dormindo e “acordei” quando ela chamou. Tomei banho, café, preparei a mala e fiquei papeando com Tana enquanto aguardava Adriel voltar de sua casa. Ele demorou e a manhã já estava no fim quando chegou. Almoçamos rapidamente e saímos. O dia estava agradável e avançamos rapidamente enquanto conversávamos. Descobrimos gostos parecidos em quase tudo que se referia à arte, música, cinema e literatura. Embora ele conhecesse mais obras clássicas e eu contemporâneas, concordávamos que o essencial era a qualidade. Ainda assim combinamos de conhecer um as obras que o outro gostava mais. Após uma parada para abastecer, cobrei sua prom