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18) Declaração

Cheguei à cozinha quando Tana já estava com a mão na maçaneta da porta de saída. - Aonde vai? - Ai, menino! Já não disse para não me assustar deste jeito, andando assim silenciosamente? - Não mude de assunto, Tana. O que sabe sobre o medalhão e onde está indo apressada deste jeito? - Não sei de nada sobre ele. Só achei bonito. E estou indo... – Parou por um segundo procurando uma desculpa satisfatória, mas a conhecia bem demais para me deixar enganar. Ela não sabia mentir direito. - Não sairá daqui enquanto não me contar tudo. - Postei-me em frente a porta. - Adriel, menino, sabe que não faria nada ruim, não é? Não quero te contar porque ainda não tenho certeza. É isto que estou indo verificar. Deixe-me ir e na volta contarei tudo. - Contar o quê? - Acho que aquele medalhão pode ser o que a Rainha aguarda há mais de 20 anos. Preciso contar a ela. E também sobre a tentativa de assassinato da menina. Ouvi quando te falou. Parece ser um dos nossos. Cabelos brancos e orelhas pontudas são c

17) Café da manhã com Adriel

Ao abrir os olhos a primeira coisa que vi foi Adriel, sentado em uma poltrona na lateral da cama, parecendo adormecido. Fiquei alguns instantes admirando-o. Como era possível que fosse ainda mais belo de olhos fechados? - Adriel. – Chamei baixinho. Ele abriu os olhos e sorriu, levantando-se e vindo para mais perto. - Oi. Tudo bem? – Perguntou. Lógico que estava tudo bem. Como não estaria acordando com esta visão e se ele sorria daquele jeito? Queria acordar assim todos os dias de minha vida. - Sim. Tive um sonho esquisito. Não me recordo direito. Parece que tinha um gatinho. – Não ia contar que ele me salvava de uma queda e que me agarrava a ele como cola super bonder e menos ainda do quanto tinha gostado de estar em seus braços. - Onde estou? É sua casa? Por quê? – Olhei para o quarto, admirando a elegância da decoração em tons pastéis, com alguns toques de rosa. Clássico e feminino, sem exageros. Só podia ser sua casa, mas duvidava que fosse seu quarto. - Não foi um sonho, Maise. Aco

16) Ternura

Ao chegar em casa encontrei Liah, o anjo responsável pela terra, fauna, flora e Elementais deste principado (*). Apesar de não sermos tão íntimos ele era o mais próximo de um amigo que tinha por aqui. - Hei, Liah. Tudo bem? – Estava contente em o ver antes de partir. Apertamos as mãos amigavelmente. - Hei, Adriel. Soube que está indo para Celes. Gostaria que levasse algumas espécies novas que andei coletando. Pode ser? - Claro. O que quiser. – Ele estava sempre em busca de mutações genéticas em plantas que enviava para estudo de nosso grupo de cientistas. - Obrigado. E você? Qual o motivo da viagem? Aconteceu algo novo? – Provavelmente estava se referindo ao meu trabalho. - Não. Estamos naquela fase de calmaria que antecede as grandes tempestades e quero aproveitar para desintoxicar um pouco enquanto ainda posso. – Seria bom falar com alguém sobre Maise, mas ele entenderia? - Está pesando? - Um pouco. Tenho andado meio confuso com alguns sentimentos e penso que possa ser por conta da i

15) Um gatinho em apuros

Acordei me sentindo um pouco dolorida por dentro, mas melhor, mais conformada. Meus pais estavam mortos e isto não mudaria. Aquela etapa feliz de minha vida havia acabado. Agora era tentar buscar o melhor para esta nova vida que começava. Estava neste lugar especial, sentia-me em casa e isto já era algo. Melhor do que estar na cidade onde me sentia tão só. Aqui tinha Antônio e os aldeões que foram receptivos e hospitaleiros. Tinha um espaço aberto, era só querer preencher. E por enquanto ao menos, era aqui que ficaria. Tinha paz e aconchego. E Adriel, lógico. Fiquei pensando nele enquanto preparava meu café da manhã e depois quando o tomei na varanda. “Que gracinha é!” – Lembrei de sua gentileza ontem comigo, em todos os momentos. “E o tratei de forma tão displicente, enquanto ele foi um perfeito cavalheiro. Até beijou minha mão e abriu a porta do carro! Meu Deus, que homem! Bom... Sem contar que é um gato! E que gato!!!” – Lembrei dos detalhes todos de seu rosto e de seu corpo e decid

14) Visita noturna

Ainda era noite. Depois que deixei Maise em casa, tentei relaxar tocando. Apesar de ter escolhido uma composição que combinava com meu estado de espírito, não consegui me abandonar à música. Também não consegui me prender na leitura. Nada parecia capaz de tirá-la de minha mente. Acabei me dando por vencido. Sentei na varanda com o céu estrelado sob minha cabeça e o ruído pacificador no mar ao fundo e deixei os pensamentos vagarem a vontade. E mesmo isto não foi o suficiente. Ao contrário, apenas aprofundou o desejo de estar novamente com ela, ao menos próximo. Foi quando cometi a insanidade de voar até sua cabana, apenas para estar perto. Estava trapaceando, enganando-me. Sabia disto. Não iria conseguir apenas ficar do lado de fora, mas seria demais admitir isto inteiro. Tinha que engolir pequenas partes de cada vez desta esquisita doença que me tomava o controle assim. Exceto por uma fraca luminosidade, parecia que já tinha ido dormir. Fiquei em sua varanda alguns momentos, tentando o

13) O Baú de meu pai

Suspirei aliviada quando Adriel se foi. Estava difícil esconder a emoção. Desde o primeiro minuto que vi o baú, soube que iria desmoronar e não queria ninguém - muito menos ele - por perto quando isto acontecesse. Desatei a falar para me distrair o suficiente até estar só em minha cabana. “Ainda não.” - Pensei. Não queria me entregar às saudades neste momento. Primeiro queria ver tudo que tinha ali dentro. Antes mesmo dele sair já tinha tirado as peças de roupa que estavam por cima, protegendo os papéis e objetos de baixo. Peguei primeiramente um rolo grande de telas. “O que papai pintara enquanto estivera ali?” – A ansiedade me queimava, mas o levei até a mesa abrindo com cuidado para não correr o risco de estragar. Depois de tanto tempo guardadas, não sabia o estado em que estavam. - Mamãe! – Exclamei surpresa ao reconhecer nela a jovem retratada na primeira tela, estranhando sua juventude. “É lógico, anta!!! Você nem tinha nascido ainda!” – Ri ao perceber minha estupidez e a obser

12) Descobertas

Antes que chegássemos à pista de dança Antônio nos chamou dizendo ter uma surpresa para Maise. Fomos até uma espécie de depósito, cheio de móveis velhos, livros e outros objetos. Apontou para um canto e mostrou um caixote grande, dizendo: - Maise, não tenho muito mais a dizer sobre seu pai do que já contei ao telefone. Ele era muito discreto. Apareceu um dia, vindo de algum lugar ao sul e disse estar procurando um lugar que tivesse a luz certa para pintar. Hospedou-se na cabana que era minha na época e algum tempo depois fez uma oferta irrecusável. Declarou-se apaixonado pelo local e que estava pintando como jamais conseguira antes. - Nunca falou sobre parentes ou recebeu visitas? – Ela quis saber. - Não que eu tenha visto, ao menos. Ele permanecia semanas sem aparecer na vila. E quando vinha era mais para comprar mantimentos. Vez por outra dizia que precisaria ir até a cidade e algumas vezes enviou pacotes grandes pelo correio. Creio que eram suas telas. - Você viu as pinturas? - Vi v

11) A Elfa Eileen

(narrador) Rita saiu a passos rápidos da residência e com a cabeça baixa, olhando para os lados de vez em quando, encaminhou-se para fora da vila na direção da estrada. Uma vez lá, andou poucos metros antes de entrar em uma trilha pouco visível. Caminhou por alguns minutos e parou em frente a um tronco de árvore oco. De dentro dele retirou um objeto semelhante a um pêndulo com guizos. Balançou-o ritmicamente com os guizos produzindo um som simétrico e baixo. Após fazer isto por algum tempo, parou e esperou. Do tronco começou a sair uma névoa fina e branca que, subindo e espalhando-se pelas laterais acabou por fazer um desenho oval claro e transparente, semelhante a um espelho. Quando se estabilizou, na área central do espelho surgiu uma imagem que em poucos instantes estava completamente definida. Era uma figura feminina bastante parecida com uma humana, diferindo apenas pelas orelhas pontiagudas e os cabelos brancos apesar da face jovem. O corpo bem delineado e as vestes sensuais com